quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

MADRASTANDO - O INICIO

 


Não sei você, mas nunca quis ter filho. Por incrivel que pareça, ainda hoje pessoas conhecidas se chocam com essa minha escolha. Tem a ilusão que filho é sinonimo de realização, para mim, não é.

Eu tive um momento na minha vida que despertou a vontade de ter um filho, mas, era mais pela pessoa do que por mim mesma. Porém, depois de refletir, cheguei a conclusão que não queria ter um filho e a pessoa super entendeu.

A vida é engraçada e nos apresenta situações que foge ao nosso controle. Quando comecei a me relacionar com meu marido, o filho dele tinha 6 anos, morava com a mãe, depois se mudou para outro estado com ela e passou a vir nas férias para a nossa casa.

O contato maior era nas férias de 2, 3 e 4 meses que ficava aqui. Ele sempre viajava sozinho. Quando ele estava com 12 anos, ao chegar para mais uma férias na nossa casa, a mãe entregou na porta do desembarque do aeroporto e abandonou o filho com o pai. Ela decidiu que não queria mais o filho e só soubemos na hora (eu, o pai e o menino), acolhemos e fomos para casa. Assim iniciou minha jornada de madrasta. 

A vida é uma ironia.

A palavra madrasta para a maioria é sinonimo de maldade e perversidade. 

A madrasta não deve nada. Ela não é obrigada a amar e nem acolher essa criança, porém respeitar é o minimo que todo ser humano deveria ter em relação ao outro ser humano. Então, devo respeitar meu enteado, mas não sou obrigada a amar, a tolerar e submeter a nada. E ele, por sua vez, deve o mesmo respeito, porque quem respeita acolhe e tem empatia. 

Vou compartilhar um pouco da minha vivência, nesses 6 anos que me tornei madrasta em tempo integral. 

Embora a família da mãe more aqui, se ele encontrou foram 2x e nada mais que isso, com a justificativa que eu não era uma pessoa legal. Sinceramente, eu tenho o direito de ser quem eu quiser e eles não precisam gostar de mim, mas sim priorizar a criança. Então, mais fácil culpar a madrasta. A mãe não mais voltou, nunca procurou saber como a criança estava, nunca contribuiu com 1 real, porque ela e a familia tem em mente que é obrigação do pai e ela não tem nada a ver com isso, ressaltando que o tempo que esteve com ela a pensão foi paga certa e sem atraso, quando o menino teve vontade de passar as férias com a mãe que mora em outro estado, só seria permitido por ela desde que pagassemos passagem, hospedagem e diária do tempo que o menino ficasse com ela. 

rsrsrsrs

Ela me fez pagar a língua. 95% dos homens são irresponsaveis como pai e isso é fato, mas uma mãe como essa, nem sei se deveria ser mãe. Mas, enfim....

Dormi sem filho e acordei com uma criança de 12 anos com suas complexidades, medos, receios e assustado porque para ele deve ter sido um momento de pânico, 12 anos vivendo com a mãe e passar a viver com outra mulher totalmente diferente do que ele estava acostumado.

Precisamos conversar mais sobre isso, porque sei que como eu deve existir milhares de mulheres que vivem uma situação similar a minha e não devem saber como lidar com esse tipo de situação.

Fiquei apavorada e ainda hoje ao lembrar do inicio, me pego lembrando das situações mais inusitadas e aterrorizantes que vivi. 

Voltei para terapia. 

Mas devo reconhecer que se não tivesse pulso firme, ele ia querer me fazer sucumbir e obedecer. A diferença nessa situação era que eu e o pai dele somos parceiros de vida e não nos colocamos um acima e outro abaixo, andamos juntos.

No próximo, eu contarei um pouco como foi o inicio da nossa convivência e os percalços que vivi, vivendo uma situação que não foi programa.

Posso antecipar que o menino com 12 anos não sabia o que era dinheiro, tinha lodo até a alma, as poucas roupas que trouxe eram manchadas, velhas e rasgada, vivia assustado, era agressivo, cheio de preconceitos, com mania de grandeza e tinha em mente que mulher devia obedecer e não dar opinião em nada, rsrsrs, mas ai é outra história. 

Gostaria de conhecer pessoas que são madrastas e saber como vivem. 





segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

TDAH - O DÍFICIL DIAGNÓSTICO


 Olá, como estão? 


Primeiro, eu gostaria de agradecer a você que disponibilizou do seu tempo para acompanhar essa minha jornada de auto conhecimento diante de um diagnóstico de TDAH. 

Após a confirmação do diagnóstico, eu simplesmente "surtei". Estou com 45 anos e descobri um TDAH nesse momento da minha vida, foi assustador e ainda é. O motivo é que a única forma de viver com o TDAH é fazendo uma mudança de vida.

Mudar dói. Mudar hábitos é desafiador. Imagine isso na fase adulta cheia de manias e comportamentos enraizados e muitos deles provenientes de uma vida com muitas invalidações.

O mais importante é que eu me reconheço parte de um grupo e quanto mais entendo sobre o transtorno, mais eu consigo me acolher. 

A mudança do psicólogo foi o ponto de virada de chave na minha vida. Estava caindo em um abismo e não enxergava mais uma luz, de repente, a vida, Deus, anjos, santos ou arcanjos me sacudiram e o elo que me unia ao outro profissional se quebrou, me quebrou e me obrigou a achar uma solução para a dor que estava vivendo.

Sou resilente e é uma qualidade que aprecio. Então, respirei uma vez e muitas outras vezes e recomecei mais uma vez. Desta vez com o coração partido e a alma dilacerada.  A verdade é que não tinha o que fazer senão tentar mais uma vez e assim foi o recomeço dessa jornada de auto conhecimento. A vida me obrigou me enxergar, me reconhecer e tomar posse dela. Não tinha opção, senão recomeça mais uma vez. 

Desistir da vida nunca foi uma opção. 

Ter consciência de si é sem dúvida o processo mais doloroso que podemos viver e é necessário que encarar seus próprios fantasmas, lidar com eles e sobreviver em meio ao caos que sua vida se transforma e então começa a se acolher. Fui acolhida pelo meu psicologo de forma gentil, fui acolhida por meu parceiro da vida e por algumas pessoas que mesmo sem entender tentatam e tentam me dar o seu melhor, amorosamente. 

Estou na jornada! Desafiando a mim mesma para que minha consciência entenda que fazer uma mudança radical de vida é o que irá proporcionar uma qualidade de vida e um conforto emocional. 

Aos poucos compartilho dessa minha vivência! 

Agradeço. Aceito. Acolho.

Magali Pastore 
05/02/2024

#magalipastore
#TDAH