Pular para o conteúdo principal

O Sacerdote Artista, Soteropolitano, Mestre Didi


Imagem Google

Soteropolitano, nascido em 02 de dezembro de 1917, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, conhecido como Mestre Didi, é um representante da cultura afro-brasileira. Escultor, escritor, ensaísta e curador, têm uma trajetória marcada por uma via extensa de produções de esculturas, além de publicações de livros, baseado em seus conhecimentos da cultura africana.
Filho de um grande alfaiate da Bahia, Arsênio dos Santos e Maria Bibiana do Espírito Santo, descendente da nobre família Asipá, originária de Oió na Nigéria e Ketu no Benin. Desde cedo, Mestre Didi teve uma vida de compromissos religiosos que contribuíram para torná-lo quem ele é. Embora tenha começado no catolicismo, feito a comunhão e se tornado coroinha. Aos 8 anos, foi iniciado pelas mãos de mãe Aninha na religião de origem africana. Juntamente a sua vida religiosa, Mestre Didi iniciou seu caminho nas artes plásticas, começou com entalhes de madeiras, depois os “exus” (entidade religiosa cultuada no candomblé) esculpidos em cimento e barro. Responsável também desde cedo, por confeccionar as peças dos altares. Foi publicado, em 1936, seu primeiro livro, Yorubá – Tal qual se fala – o prefácio foi de Jorge Amado e as ilustrações de Carybé. Depois seguiram mais 20 livros, com histórias de terreiros e contos de tradição negra da Bahia.
Na década de 80, Didi fez parte de uma comunidade infantil onde escrevia e encenava peças de teatro, ensinava canto, dança e maquiagem. Segundo a historiadora Juana Elbein, esposa do Mestre Didi, não existia dicotomia entre as artes. Todos os contos afro-brasileiros são cânticos. Foram feitos para serem ouvidos, cantados e dançados. Construindo assim uma carreira artística vigorosa e se tornando conhecido como um artista integral, “um renascentista da cultura nagô”. Mestre Didi recriava suas esculturas a partir dos elementos da arte sacra, demonstrando a complexidade dos valores e significados da constelação dos orixás do panteão da terra. As esculturas expressam a relação do visível com o invisível, integrando em sua expressão a do além (orun) e o mundo concreto individualizado (aiyê). Suas obras de artes estão expostas em alguns importantes museus e casas de artes ao redor do mundo. Fazem parte do acervo do Museu Picasso, em Paris, do MAM de Salvador e do Rio de Janeiro, entre outros. Atualmente, seu trabalho pode ser visto na Mostra Redescobrimento e em uma exposição individual na Galeria São Paulo.

Vida Religiosa 

A família do Mestre Didi já possuía uma forte ligação com a religião africana. Sua trisavó, Sra Marcelina da Silva, Obá Tossi, foi a fundadora da primeira casa de tradição nagô de candomblé, no Brasil: Ilê Asé Airá Intilé ou candomblé da Barroquinha. O tio avô Marcos Theodoro Pimentel, sumo sacerdote do mais alto grau na casa de EgunEgun. O primeiro mestre de Didi foi Marcos e depois recebeu ensinamentos de seu pai, que na época era um Alagbá. Desde criança, absorveu e se aprofundou por meio das sucessivas iniciações nos mistérios transcendentes da vida e da morte, nos segredos com os espíritos de ancestrais – egun – além das entidades sagradas – os orixás. Em 1975, Mestre Didi recebeu o cargo de Alapini; em 1983, recebeu o cargo de Babá Mogbá Oní Xangô, diretamente da casa de Xangô, em Benin e entregue pelo rei de Ketu. Sendo assim, se tornando um grande Sacerdote. Aos 96 anos, Mestre Didi vive em Salvador, é reservado e por motivos religiosos não dar entrevistas, por receio que suas palavras sejam deturpadas.

Biografia:
1946 e 1989 – publicou livros sobre a cultura afro-brasileira
1966 – Esteve na África Ocidental, contratado pela Unesco, para realizar pesquisas comparativas entre o Brasil e a África.
Nas décadas de 60 a 90 – É membro de Institutos de Estudos Africanos e afro-brasileiro. Participa como conselheiro em congressos com a mesma temática no Brasil e exterior.
1990 – Fundador e Presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá do culto aos ancestrais Egun. Coordenador do Conselho Religioso do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira, que representa no país a Conferência Internacional da Tradição dos Orixás e Cultura.
2002 – Participou da 23º Bienal de São Paulo, realizou uma amostra de 33 peças, no circuito de artes
plásticas internacionais.

Matéria publicada: Jornalismo 24 horas

Comentários

  1. Que bom conhecer mais uma Biografia :)
    http://pramodatudo.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Mariana, com certeza apareço por lá.
    Adorei sua visita.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

🎯 Dificuldade em Manter o Foco? Técnicas que Realmente Ajudam Quem Tem TDAH

Você começa uma tarefa super empolgado, mas 10 minutos depois já está no celular, na cozinha ou pensando em mil outras coisas? Se sim, e se isso acontece com frequência, pode ser sinal de que o TDAH está afetando sua capacidade de manter o foco — e está tudo bem. Isso é mais comum do que parece. O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade impacta diretamente a atenção sustentada , o controle dos impulsos e a organização mental . Ou seja, tarefas simples podem parecer gigantescas, e manter a concentração por muito tempo pode ser uma verdadeira batalha. Mas a boa notícia é: existem estratégias que funcionam de verdade — e que podem ser adaptadas à sua rotina e ao seu estilo. 🧠 Por que o foco é tão difícil para quem tem TDAH? Pessoas com TDAH têm uma oscilação natural de atenção. O cérebro busca estímulos o tempo todo, o que pode gerar dois extremos: Desatenção total em tarefas consideradas “chatas” ou repetitivas; Hiperfoco em atividades que despertam muito int...

Como Usar o Método Pomodoro para Melhorar o Foco (Especialmente com TDAH)

Manter o foco por longos períodos pode ser desafiador para qualquer pessoa, mas para quem convive com o TDAH, isso pode parecer uma missão impossível. A boa notícia é que existem técnicas simples que podem ajudar — e uma das mais eficazes é o método Pomodoro . Se você tem dificuldade em começar tarefas, se perde no meio delas ou sente que se distrai com qualquer coisa, continue lendo. Esse método pode mudar sua forma de lidar com o tempo e a concentração. ⏱️ O que é o método Pomodoro? O método Pomodoro foi criado por Francesco Cirillo nos anos 1980 e tem esse nome porque ele usava um cronômetro em formato de tomate (pomodoro, em italiano) para dividir seu tempo de estudo. A ideia central é simples: trabalhar com o tempo, e não contra ele , criando blocos curtos de foco intenso seguidos por pausas. Isso ajuda o cérebro a manter a atenção sem entrar em exaustão. 🧠 Por que o método funciona para quem tem TDAH? Quem tem TDAH costuma ter dificuldade em manter o foco por longos períodos, m...

A importância de aceitar o que não se pode controlar

Vivemos em uma sociedade que nos ensina, desde cedo, a querer ter controle sobre tudo: o tempo, as pessoas, os resultados, os sentimentos. Acreditamos que se planejarmos direito, nada sairá errado. Mas a vida, com sua sabedoria silenciosa, nos mostra repetidamente que o controle é uma ilusão. Aceitar o que não se pode controlar não é desistir — é confiar. É compreender que existe uma força maior que rege os ciclos da vida e que nem tudo está em nossas mãos por uma razão. Algumas situações vêm para nos ensinar a soltar, a esperar, a amadurecer. Outras nos mostram que nem sempre sabemos o que é melhor para nós no momento. Essa entrega, no entanto, não é fácil. Ela exige humildade. Exige reconhecer que não temos todas as respostas, que a dor faz parte do caminho e que o tempo nem sempre age conforme nossos desejos. Mas é justamente nesse ponto de rendição que a espiritualidade floresce: quando abrimos mão do controle, abrimos espaço para a confiança. Aceitar não é se conformar. É fazer...