segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sanção: 'humildade sempre"


O rubro negro só fica triste
quando seu time perde.
Foto: Magali Pastore

Por Magali Pastore

Com essa filosofia de vida, este flamenguista, militante, questionador, boêmio, contador de histórias segue a vida. Dono de um jeito irreverente, Sanção é estudante do 5º semestre de jornalismo da Faculdade Social da Bahia.


Pelos arredores da faculdade, Sanção é uma figura fácil de encontrar, seja na lanchonete Neto’s, com os colegas, papeando e tomando uma cervejinha, ou pelos corredores da faculdade, trocando informações sobre o curso que por um simples engano se tornou o equívoco mais certo da sua vida . Na entrevista abaixo, ele relembra as diferentes fases já vividas: a rebeldia na adolescência, a militância por um país melhor e o amor pela música e pela família que contribuíram para que ele se tornasse quem é. A única coisa que de fato tira Leandro Sanção Maia do sério é ver o flamengo perder.


Como prefere ser chamado?

Sanção, com certeza.

Gostaria de saber um pouco sobre você...

Meu nome é Leandro Sanção Maia, tenho 24 anos, nasci no dia sete de novembro de 1986, na cidade de Itabuna, na Bahia. Sou filho de dois soteropolitanos que mudaram para a cidade nos anos 80 e lá tiveram todos seus filhos. Sou estudante de jornalismo do 5º semestre da Faculdade Social da Bahia.

Quantos irmãos você tem?

Eu tenho, eu tive, eu tinha três irmãs, uma delas faleceu no ano de 1994, de meningite, ela tinha quatro anos. Uma mora nos Estados Unidos e outra mora comigo em Salvador.

arquivo pessoal

 Como é sua relação com seus pais?

Hoje é uma boa relação. Acho que a partir do momento que fui amadurecendo, fui criando uma relação amigável. Talvez pelo fato de na minha adolescência ter uma relação intrincada. Por causa da minha forma de ver o mundo, de minha visão perante a realidade, eles tinham certa preocupação e tentava me proteger. Já briguei muito com meu pai e com minha mãe. Lembro das diversas vezes em que questionava as diferenças e desigualdades sociais que existiam no mundo. O preconceito racial que é muito sério e forte. Além do direito que todo ser humano tem de ter uma vida digna. Sempre questionei e sempre tentei lutar e colocar meu ponto de vista.

Lembra de algum momento marcante na sua vida?

O mais marcante foi o falecimento da minha irmã. Ela era apenas um bebê de quatro anos e ninguém esperava de fato, foi logo depois do carnaval e isto serviu para aproximar todos. Marcou e marca profundamente minha família. Embora durante minha adolescência tenha me questionado e demorado muito para aceitar, hoje já compreendo melhor.

Qual a sua crença e como você vê a morte?

A morte é uma passagem, mais um degrau da vida humana. Não só perdi minha irmã como muitas outras pessoas importantes na minha vida, como meus avós, meu tio avô (irmão da minha avó) que foi muito importante, alguns primos e amigos. Já não vejo de uma forma tão pesada e com tanto pesar a morte. Eu acho que é um estágio, baseando minha crença no espiritismo, que vê a morte apenas como uma mudança de estágio.

O que você faz para se divertir?

Encontrar com os amigos para tomar uma cerveja, ir ao cinema, sair com a família, tocar violão, ler, ir à casa do vizinho para bater um papo, escrever poesia.

Sanção(com cebolinha) com a família.
 O que mais detesta na vida?

Muitas coisas eu detesto, por exemplo: injustiça, fuxicos, desrespeitos, falta de comprometimento, a forma egoísta das pessoas ao lidar com o mundo, ser passivo diante das coisas, isto são coisas que sempre me revoltaram... O Flamengo perder também!

Você tem alguma filosofia de vida? Alguma ideologia que faça você acreditar que fará a diferença contribuindo para um mundo melhor?

“Humildade sempre”, é a frase que eu acredito como uma filosofia, o grande problema é que as pessoas não são humildes. Procuro ser humilde, simples e, através do exemplo de Jesus Cristo, seguir sempre pelo que considero a forma certa. Mas ressalto que ser humilde não corresponde a dizer que não posso ter minha casa, meu carro, um bom salário, um bom emprego. É ter humildade em essência. Faço isso com as pessoas que convivo, desde meus amigos, passando pelos profissionais e colegas da área. Como militante, eu reafirmo: humildade sempre.

Qual a sua visão da política?

Tenho uma visão socialista. Embora esteja num mundo capitalista, sou a favor de todos viverem de forma digna. Não me considero comunista, mas a favor das pessoas terem uma liberdade com igualdade.


Foto: Magali Pastore
Qual a sua opinião sobre a política no Brasil?

Em minha opinião não se faz política no Brasil, se faz politicagem. Você busca a aliança que você não buscaria, mas por interesses. Embora a política seja isto, não há um comprometimento nestas alianças. O Brasil não passa por reformas políticas, o PT é um “partido sujo”, que se desvinculou de seus ideais primários. Para chegar ao poder, se transformou numa direita disfarçada de esquerda. Estando no poder, vai batalhar para continuar. Mas percebemos que as classes D e E, já estão tendo uma situação diferente. Hoje têm em casa televisão, geladeira, computador. Além da facilidade de ter um carro hoje, de uma forma mais acessível. O Brasil tem muito para mudar, foram décadas de muitas diferenças em que apenas os ricos enriqueciam e os pobres não tinham vez. O Brasil ainda é visto como um país de prostitutas, diversão, samba. Porque o brasileiro ainda se mostra assim, se vende de forma pejorativa. Precisa olhar a educação, porque não adianta ser rico e burro.

E a política na Bahia?

Acho que a Bahia está com um crescimento em estrutura, além de grandes indústrias que estão chegando por aqui (Nestlé, Pirelli etc.). O governador tem uma boa intenção, mas acho que as grandes deficiências são as secretarias. Vejo como um exemplo o fato de um engenheiro estar à frente da Secretaria de Comunicação. O governo pode ser melhorado quando colocar profissionais que atuem de forma comprometida. No caso da cidade, o prefeito é um lerdo, com péssimos secretários e ainda cria leis que não tem um respaldo. Um exemplo disto é não permitir que se urinasse nas ruas e nem ao menos colocar banheiros químicos para as pessoas utilizarem.
Foto: Arquivo Pessoal

Quando você decidiu estudar jornalismo?

Na verdade, meu sonho inicial era fazer história, mas meus pais estavam preocupados com a carreira de professor público. Decidi fazer faculdade para rádio e TV na Faculdade Jorge Amado. Passei e, apenas quando cheguei, lá me informaram que não teria o curso e me deram opção de escolha entre jornalismo e publicidade, optei pela primeira e, quando comecei a escrever, a entender um pouco, me vi apaixonado pelo curso. Hoje continuo por escolha e amor ao curso. Não me vejo sendo outra coisa se não jornalista. Estagio na área, já estive na parte de assessoria, estou atuando na parte de produção na TV e fico feliz quando vejo a falta de rotina de um jornalista, que lida com o inesperado. Outra coisa que me preocupa como militante é a deficiência da comunicação, que busca o sensacionalismo. O importante é a busca por um jornalismo social que cuide de forma séria da vida das pessoas.




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